terça-feira, 20 de julho de 2010

A bordo de uma Kombi amarela




Um tio suicida, um pai fracassado, uma mãe estressada, um irmão que fez voto de silêncio e um avô que usa heroína. É nessa família que está inserida Olive, uma menina sonhadora que quer ganhar o concurso de beleza Pequena Miss Sunshine. É nesse contexto que acontece a trama do filme Pequena Miss Sunshine, é em meio a essa família desestruturada que acontece uma viagem a bordo de uma Kombi amarela meio estragada e enferrujada para chegar a tempo no concurso.
O mais legal desse filme é que as partes mais legais e emocionantes vão acontecendo ao longo dele, em várias partes, não só no final como a maioria das histórias, o clímax é o filme todo. Enquanto eles vão em busca do sonho da Olive, a família vai enfrentando seus problemas e lavando a roupa suja. É uma família totalmente fora do padrão, mesmo que o padrão não seja o correto, mas também não é tão errado, e eles são completamente errados e guardaram seus ressentimentos todos muito bem até um nível crítico onde a convivência torna-se difícil. Chega um ponto em que essa bola de neve enorme e cheia de desentendimentos acaba passando por cima deles e eles se obrigam a parar e tentar se entender, onde tudo vem à tona, onde todas as diferenças são expostas e eles tentam botar tudo a pratos limpos.
Isso é tão bem retratado no filme, que torna a história incrível, os atores são muito bons e conseguem trazer esse conflito a tona de uma forma bem real. Já a Olive interpretada pela fofa Abigail Breslin é a mais centrada da família, mesmo sendo uma criança, ela é meio que o xodó de todos, eles buscam protege-la de uma possível decepção, é nesse ponto que a gente sente que aquela família está encontrando o seu eixo.
Nessa viagem até o local do concurso acontece meio de tudo, a família acaba descobrindo sua identidade de uma forma um tanto bizarra. Temos uma ida ao hospital, um cadáver, um sonho destruído, um carro estragado e muito mais. De drama a comédia em segundos.
O filme é meio independente e tem pinta de filme independente, sem grandes produções e com baixo orçamento, teve alguns problemas financeiros e foi o xodó em vários festivais. Na minha opinião isso se deu, por ele ter uma historio meio batida e ter conseguido fugir do clichê, ele não vem com um monte de lição de moral e frases de impacto. A forma como os problemas são apresentados e tratados é o diferencial fugindo totalmente da receita de filme onde a família é problemática e acaba tudo bem. Não é assim, não acaba tudo bem, porque o certo, o eixo de uma família não se encontra assim, é devagar, é progressivo. Afinal, que família que consegue viver feliz sempre? Que consegue não brigar às vezes? Não há uma família que seja 100% feliz, o tempo todo, pode até haver, mas corre o sério risco de ser felicidade de fachada.
Tudo isso é retratado no filme e nos faz ficar com um sorrisão na cara depois que ele acaba e uma vontade de chegar em casa e pedir desculpa para o irmão. Ok. talvez não chegue a esse ponto. Ou chegue, mas você não precisa verbalizar, se não quiser.

Marília Dalenogare.

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