sábado, 10 de setembro de 2011

Desajustados

Marilia Dalenogare





Agora vamos falar de Misfits, não a banda, a série. Para definir melhor a série, eu vou buscar o seu significado, a sua definição diretamente do dicionário, o qual nos diz que Misfits é algo “que encaixa mal”, “não ajusta bem”, no caso da série são “os que” não se ajustam bem. É isso, Misfits é uma série britânica, de 2009, que na verdade é bem curtinha, além de só ter 2 temporadas, ao todo ela só tem 13 episódios, mas são 13 episódios bem legais. Eu não sei direito o que falar, é uma série meio diferente, com um argumento diferente, mas inteligente, que de alguma forma funciona, deve ser o humor.
A série conta a história de 5 jovens delinqüentes que se conhecem quando vão cumprir seu serviço comunitário em um centro meio estranho e quando estão lá acontece uma tempestade, mais estranha ainda, onde eles são atingidos e ganham poderes, tipo, viram super heróis, sem serem heróis. E é a partir dessa premissa que a série se desenvolve.
Pra começar o sotaque deles é ótimo, eu estranhei muito no começo, mas depois a gente acostuma e acha até charmoso, em segundo lugar os atores fogem totalmente de jovens estereotipados e dão um ar mais real pra toda aquela doideira, eles não são todos magros, lindos ou corretos. Na verdade todos eles são meio vagabundos.
O modo como eles vão descobrindo seus poderes, o que isso acarreta e tal é a narrativa, mas o roteiro conseguiu ser original, os diálogos são bem inteligentes e tem um toque de humor, humor negro, o humor negro inglês, claro, mas é bem engraçado, principalmente o ator Robert Sheehan, que interpreta o Nathan, ele realmente é um ser engraçado, muito, na verdade. Os outros atores não são tão engraçados, mas são realmente bons, e quando precisam mostram que tem timing cômico também.
Eu não tenho muita experiência com séries britânicas, ok, não tenho nenhuma experiência, até baixei Skins, mas não vi ainda, mas todo mundo fala que elas são ótimas e tal e que estão se desenvolvendo bem e que tem futuro, concordo com eles.
Tem algumas cenas que são simplesmente hilárias, não vou conseguir lembrar de todas, mas a maioria delas envolve o Nathan, uma delas é uma suposta paixão dele por outro personagem, todo o tempo que dura é hilário e outra é quando ele resolve se bronzear na laje, passando protetor. Elas realmente valem a pena, entre outras que não lembro agora.
Ah, a série é meio sacana também, mas na medida certa, não é nada pornográfico, explicitamente, é só sacana. Então é isso, não tenho mais o que dizer, fica a dica.

Marília Dalenogare.

sábado, 13 de agosto de 2011

Infinita Playlist

Marília Dalenogare


Eu sei que todo mundo acha o Michael Cera um guri meio idiota, com cara de pamonha e que sempre faz os mesmos papéis, o nerd, que geralmente adora música, ok, eu também acho isso, mas, além disso acho ele bem charmoso também, e um queridão, não sei dizer se ele é um bom ator, pois ele ta sempre naquela sua zona de conforto a qual ficou conhecido, pra sempre o menino tímido. Mas, posso dizer que gosto desse seu personagem e a partir disso descobri um filme dele que eu particularmente adoro, o queridíssimo e charmoso “Nick e Norah - Uma noite de amor e música”, filme de 2008 que ele estréia juntamente com a Kat Dennings.
De tão simples o filme esteticamente e de muitas outras formas falando ele se torna diferente e mais do mesmo, ao mesmo tempo, não sei explicar, mas vou falar sobre ele. É uma história que acontece em uma noite, uma noite para os jovens como ele. E a propósito, eu adoraria que as minhas noites fossem que nem as deles, caminhando por Nova York, ou por essas outras cidades americanas que resultam em uma locação ótima e badalada, que eles sempre arranjam, como se tudo que a gente quisesse pudesse estar em uma quadra só, todos os pubs mais legais, as lanchonetes, os shows e o mundo todo.
O Nick e a Norah, os protagonistas, se conhecem em um desses lugares e com a ajuda do destino e dos amigos deles acabam meio que saindo juntos em busca de um show de uma banda, e assim a narrativa vai indo, quando a Norah perde a amiga dela em algum lugar da cidade, eles saem para procurá-la e é no meio dessa busca que eles vão se conhecendo e se entrosando e falando sobre afinidades e coisas do tipo que são muito bem construídas para esse tipo de história, sempre bolam umas frases ótimas, que se encaixam como uma luva para a situação, ficção é ficção. E pra mim, é nesse ponto que o filme me ganhou, nessas voltas pela cidade em busca da amiga pirada dela, em um carro minúsculo e falando de coisas divertidas, o tipo de coisa que todo mundo sempre gostaria de fazer, simplesmente achar alguém que parece ser sua alma gêmea musical e cultural e pessoal e tudo o mais. Nada mais do que isso, até porque o filme não é muito longo e tem o tempo certo, o qual não se salva dos clichês, mas também não se afoga neles, adoro metáforas.
E também é um filme bem econômico, que não tem locações, figurinos, efeitos, e nada muito caro, um exemplo de menos que é mais. Como já era de se esperar a trilha sonora do filme é ótima, como geralmente esses filmes vendidos como independentes têm, eu acho que nesse tipo de produção antes mesmo de achar os atores eles arrumam as músicas, tenho essa sensação.
Os atores são jovens e divertidos, bons atores para os papéis, o resto do elenco também é divertido, mas sei lá, pra mim o filme é do casalzinho, e os outros são também meio idiotas. Sei lá, independente de alguns quesitos básicos de técnica e tal, eu geralmente gosto desses jovens e atores, eles são tão bonitos, e podem não atuar muito bem, mas são meio expressivos e tal e parecem tão felizes, o tempo todo, independente de seus dramas, eles são quase um musical, sou um coração mole, fazer o que, muitas vezes são tão expressivos quanto uma coruja, mas me conquistam igual.
E pra voltar ao falar do que nos trouxe até aqui, esse é um exemplo de um dos papéis do queridão Michael que eu adoro, entre os seus personagens em Juno, Superbad, Scott Pilgrim e outros dramas adolescentes protagonizados pelo jovem idoso nerd.

Marília Dalenogare

domingo, 12 de junho de 2011

Adele

Marília Dalenogare

As melhores músicas geralmente saem de um pé na bunda bem dado. É uma realidade, o que nos faz torcer secretamente e egoistamente para que nossos artistas preferidos não achem tão cedo a tampa da sua panela, pelo menos não antes de lançarem uns 10 cds e a gente já não poder mais ouvir falar deles. É nesse contexto que se encaixa uma cantora simplesmente incrível, da qual venho falar agora, nossa querida e rejeitada Adele. Pois é, a pouco tempo soube que ela está liderando as paradas de muitos países, principalmente os britânicos, pois ela é de lá, e não é de se surpreender, você entende o sucesso dela a partir do momento que ouve a poderosa voz de Adele.
Apesar de estar bombando em premiações por aí, e de já estar no ramo há algum tempo eu nunca tinha parado pra realmente ouvir Adele, e não sei por que, um dia parei. Adele é uma linda, mas pelas suas roupas sérias, seu vozeirão, seu cabelo e maquiagem ela representa ser mais velha, minha surpresa foi descobrir que ela tem apenas 23 anos, e uma carreira que está só no início. Adele canta geralmente sobre amor, sobre o amor que acabou, com ares vingativos ou não. O genial dela é que além de usar todo o potencial da sua voz, sem medo, sem se esconder por trás de instrumentos, ela mistura ritmos, sons, ela é rock, soul, blues, R&B, e muito mais.
Ninguém nunca cantou tão bem uma vingança como Adele em “Rolling in the Deep”, que além de ser a mais conhecida dela é simplesmente incrível e contagiante, com um ritmo que te faz cantar junto. Mas mesmo com as suas canções mais agitadinhas, são suas baladas românticas e sofredoras que nos deixam com vontade de chorar de tão lindas, pois independente do se estado de espírito Adele canta com autoridade, são canções como “Someone like you”, “Don’t you Remember” além de muitas outras como “Chasing Pavements”, “Turning Tables”, “Make you feel my love”, “Set fire to the rain”, etc.
Não tem como ouvir os versos de Adele e não te fazer lembrar coisas e pessoas, e até se emocionar, pois ao ve-la cantar algumas músicas temos a sensação que ela vai cair aos prantos, uma loucura. São versos como “nós poderíamos ter tido tudo”, “imaginava que ao ver meu rosto você se lembraria do que, para mim, não está acabado”, pois é, poesia pura.
Ao anunciar Adele na apresentação do Brit Awards de 2011, James Corden disse tudo “Não há nada como a sensação de quando você está ouvindo uma música, escrita por alguém que você não conhece e que você nunca conheceu, mas que de alguma maneira foi capaz de descrever exatamente como você se sentiu em um particular momento de sua vida. Se você alguma vez teve o coração partido, você irá lembrar disso agora”.
Mas não vão até Adele com a mentalidade do barulho, da gritaria, Adele é incrível, mas é pra quem gosta, ela é calma, ela é seu vozeirão, acompanhado do piano muitas vezes. Adele é parar para ouvir. Eu gosto bastante, mas admito que sou uma romântica incurável.

Marília Dalenogare.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dr. House



“Todo mundo mente”, “Pessoas não mudam”, "Quase morrer não muda nada. Morrer muda tudo!", "É uma verdade da condição de ser humanos que todos mentem. A única variável é sobre o quê”, "Mentiras são como as crianças: apesar de inconvenientes, o futuro depende delas”, "Eu gosto mais de você agora que está morrendo", "Como pode Deus levar os créditos quando alguma coisa boa acontece? Onde ele estava quando o coração dela parou?".
Essas são algumas das ideologias de um dos personagens mais inteligentes e mais interessantes da TV. O Doutor Gregory House, mais conhecido como Dr. House. Dr. House é uma série americana que está no ar há 7 temporadas, desde 2004. A série é tipo um sucesso desde o começo e é fácil entender o porquê disso.
A série tem como pano de fundo um hospital, onde tudo acontece, pois é uma série médica, onde a maioria, ou quase todos os principais personagens, são médicos que através de seu cotidiano, do dia-a-dia do hospital acabam tentando resolver seus problemas pessoais da melhor forma possível. Tentando conciliar sua vida particular e sua vida profissional. Além do drama dos personagens a série também nos possibilita uma verdadeira aula sobre medicina, com diagnósticos diferenciados e situações totalmente estranhas/bizarras.
Além do gênio difícil do House, como se isso não bastasse, ele ainda se envolve com drogas, não consegue ter/manter relacionamentos saudáveis, acaba se envolvendo com polícia, processos, e tudo o mais. Ou seja, tem muita coisa que acontece no seriado, que não deixa ele cair na monotonia, se tornar um mais do mesmo chato.
O protagonista é o Dr. House, um médico extremamente sincero, mal humorado, egocentrista e que literalmente se acha um Deus, alias ele não acredita em Deus, como era de se imaginar. Ele não respeita leis, nem a ética, não respeita os direitos dos pacientes, não ouve ninguém, acha todo mundo imbecil e é insuportável. Mas ele tem um diferencial que salva ele da demissão, ele é o melhor, com seu jeito alternativo ele salva vidas que provavelmente morreriam sem seus métodos ousados e estranhíssimos.
Além disso, o elenco da série é realmente ótimo, todos eles já estão bem à vontade nos seus papéis, também, depois de 7 temporadas. O roteiro é inteligente, o House não é só um idiota maluco que sai fazendo o que quer, ele tem suas teorias, suas ideologias, as quais o roteiro sempre usa de uma forma incrível. Vale a pena conferir, o que foi dito aqui não é nada perto de tudo que a série oferece, perto de todas as surpresas, as situações em que os personagens se envolvem.

"Você pode ter a fé quer quiser em espíritos, em vida após a morte, no paraíso e no inferno, mas se tratando desse mundo, não seja idiota. Porque você pode me dizer que deposita sua fé em Deus para passar pelo dia, mas quando chega a hora de atravessar a rua, eu sei que você olha para os dois lados."

Marília Dalenogare

domingo, 8 de maio de 2011

Namorados para Sempre? Vai sonhando.




Um dos filmes que foram lembrados nas indicações ao Oscar, na categoria de melhor atriz, e que muita gente nem deu bolas é “Blue Valentine”, que no Brasil teve o título de Namorados para Sempre. Dã. Sinceramente às vezes parece que quem traduz esses títulos faz isso chapado. De boa. E olha que eu não acho sempre os títulos péssimos, às vezes eu acho que é melhor a adaptação que eles fazem, até por uma questão comercial, ou uma questão de entendimento do público, mas nesse caso sinceramente não. Eu tenho pena dos casais de namorados que foram ao cinema assistir esse filme achando que era uma comédia romântica, eles encontraram uma visão amarga de como pode ser a vida deles e de como provavelmente vai se tornar a vida de muitos. To meio pessimista hoje.
Para começar o filme tem ótimos pôsteres, de verdade, os três diferentes que eu vi eu achei lindos, pode parecer bobagem, mas é importante, e o roteiro também agrada. Mas a grande força do filme vem de seus protagonistas, os ótimos e lindos Ryan Gosling e Michelle Williams. Sempre gostei do Ryan, desde Diários de Uma paixão, A garota ideal e umas coisinhas a mais. Já Michelle eu não gostava muito, não sei por que, mas ultimamente mudei minha idéia e quase já gosto dela, me lembro dela em O segredo de Brokeback Mountain e em Sinédoque, Nova York, onde gostei bastante dela em ambos. Pois é, esses dois atores encabeçaram essa história, que narra a vida deles juntos, hoje em dia casados, mas desde que se conheceram, narra de uma forma não-linear como tudo aconteceu, e o ponto em que as coisas chegaram. Nos é mostrado que desde o começo as coisas começaram erradas e mesmo assim eles se contentaram com isso e resolveram constituir uma família que aos meus olhos é toda errada, e não tem como dar certo. O clima pesado, a tensão é gritante em cena.
Para começar a personagem de Michelle nunca esteve contente com nada, mesmo antes de conhecer seu marido, a infelicidade, o cansaço nunca abandonou as feições dela, o olhar dela sempre foi magoado, no meio disso ela conhece o personagem de Ryan e ele sim, era um cara animado e que realmente gostava dela e que acabou se prendendo naquela teia desconfortável ao redor dela e não saiu mais, eles montaram uma família, ela segue infeliz, rabugenta e ele segue tentando conquistar, agradar ela. Basicamente ele passa o filme todo correndo atrás dela e ela fugindo dele. È um jogo de cão e gato que a gente torce para que acabe.
O filme nos mostra muito bem, o que geralmente acontece quando dois jovens que mal se conhecem acabam tendo um filho e meio que se obrigam a ficar juntos. Os dois tinham sonhos, que foram adiados pelas necessidades da família. Eles se acomodaram naquela infelicidade, realmente me incomodou ver eles dois juntos, a distância deles, e como eles se tratam, principalmente ela, tão seca e fria. A única luz que nos aparece naquela casa cinza deles é a filha deles. Tanto ele, quanto ela tem uma relação ótima com a filha. O que nos mostra que o problema é entre eles, desde que eles fizeram o “acordo do silêncio e do contentamento”, ela se contentou que ele criasse a filha que ela nem sabia de quem era e ele se contentou em criar essa filha para ficar com ela. E nada disso se discute.
Mas apesar da tristeza que o filme passa ele é incrível, o jeito como as relações precipitadas são tratadas, como a gente pode se acomodar na vida. O filme é um tapa na cara, de certo modo. Simplesmente ele mostra como tudo se torna amargo, o amor, as relações, se a nossa vida é amarga. Como não basta o tentar ser feliz junto, se a gente não for, primeiramente, feliz sozinho.

Marília Dalenogare

sexta-feira, 6 de maio de 2011

OBRIGADA, MAIS POR FAVOR?




Em uma dessas minhas super conexões dentro do Filmow, muitos links e aquela teia onde a gente entra para ver um filme, daí ve o que aquele ator fez, entra em algum filme dele daí já vai para outro ator, e daí você nem sabe por onde começou naquele site do demônio para quem gosta de cinema. Foi assim. Foi assim que eu descobri um dos filmes que mais me agradaram ultimamente. Na verdade eu parti de um ponto, pois o protagonista, o roteirista e o diretor são a mesma pessoa, um ator que eu gosto de uma série que eu gosto, ele é o Ted de How I Met Your Mother, o nome real dele é Josh Radnor, e o filme do qual eu vou falar é “Happy thank you more please”, é isso mesmo o nome do filme, por enquanto sem tradução ainda, na verdade tenho um pouco de medo do que eles podem fazer com um título assim. Meio tenso.
Mas vamos ao filme, ele é um filme ou do ano passado ou do começo desse ano, não sei bem, pois achei dados diferentes na internet, um filme que acontece em New York (primeiro ponto positivo), não tem muitos atores famosos e conta a história de Sam Wexley um escritor de contos, que está tentando vender romances, e que acaba tendo encontrando um garoto perdido no metrô ao ir para uma entrevista de emprego. Na tentativa de conciliar a sua entrevista e devolver o garoto para sua família ele acaba fazendo tudo errado e fica com o garoto, sempre com o intuito de devolver a criança para a assistência social mas protelando isso e se apegando cada vez mais ao garoto. Em meio a isso ele ainda conhece uma garçonete/cantora em um bar e tenta iniciar um relacionamento com ela. Além do garoto e da cantora, Sam ainda tem uma melhor amiga que vive chorando suas pitangas para ele. Basicamente no filme todo Sam busca achar um caminho, tanto para a criança, para a namorada e para a amiga. Fora todos esses personagens mais ligados, o filme ainda tem um espaço para outro jovem casal, amigos de Sam também, mas nem tanto, casal esse que descobre que cresceu e que a hora de pensar no futuro é agora.
Além do longa ter uma fotografia legal, nos mostrando partes de New York, de ser um filme simples, onde a história contada não tem enrolação, são relacionamentos complexos que o filme apresenta, mas complexos por causa dos personagens, eles são complexos, por tudo o que viveram e pelo modo que ainda vivem, mas o filme em si, o roteiro, não complica nada, deixa tudo muito frouxo (no bom sentido), onde as coisas vão acontecendo como tem de acontecer, sem grandes viradas e grandes transformações, mas com adaptações dos personagens para certos tipos de relacionamentos, eles simplesmente não mudam completamente no filme, seu caráter, sua personalidade, como em outros longas, eles se encaixam, se adaptam as outras pessoas com as quais eles querem viver.
Ao invés de nos forçar aqueles personagens bizarros garganta a baixo Josh Radnor, como roteirista do filme, nos cativa com eles, pela suas inseguranças, pelo medo de mudar e de sofrer que eles mostram ao encontrar alguma situação com a qual eles não estão acostumados.
Não tem como não gostar desse filme. Não tem como não ficar torcendo para Sam superar seu medo a compromissos sérios, seu medo do desconhecido que acaba tornando-se conhecido a ele através do seu relacionamento com o garoto. Como em uma cena a namorada dele nos diz que ela quer um romance, e ele só pode oferecer um conto. Algo assim.
E quando o filme acaba, ele poderia ter continuado, pois com a resolução daqueles problemas, novos virão, e depois outros, é assim que acontece na nossa vida e é assim que acontece na vida de Sam.

Marília Dalenogare.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Lago dos Cisnes




É estranho e assustador ver como a nossa mente pode dominar totalmente o nosso corpo. Como a gente pode se tornar refém de si mesmo. Como se fossem duas coisas separadas e não um conjunto, uma lutando contra a outra, por vezes como inimigos. É isso que vemos no fantástico Cisne Negro, um filme que vem ganhando a atenção que merece, pois é uma obra fantástica. A trama aborda divinamente a obsessão dos artistas em se destacar e sempre fazer melhor.
A trama conta história de uma bailarina inocente, esforçada e sem vida própria vivida pela Natalie Portman, que é totalmente dedicada ao balé, por vezes de uma forma insana, totalmente submetida a sua mãe, que vive pelo sucesso da filha por ter tido sua carreira interrompida ao dar a luz. Assim, ela deposita os seus sonhos em Nina, o que acaba se tornando um fardo pesado demais.
Mas apesar dessa definição dada acima, isso é somente o plano de fundo para o argumento do filme, a história pode parecer previsível, mas realmente não é. Ela conta a luta na busca da perfeição, do movimento e da emoção exatos, de se entregar totalmente ao personagem, muitas vezes não conseguindo separar um do outro. O filme vai passando e mostra os esforços de Nina que quer de todos os jeitos ser escolhida a Rainha dos Cisnes, em O Lago dos Cisnes, e assim gradativamente percebe-se que quanto mais perto dos personagens ela se encontra mais perturbada Nina vai ficando. Essa perturbação da bailarina é alicerçada na exigência que todos depositam nela, no tempo que vai passando sem se destacar e na ameaça de outras bailarinas mais novas e ambiciosas querendo ocupar o seu lugar.
A mente de Nina pira, literalmente, o seu lado emocional aflora tanto até que ela sinta esses efeitos na pela, literalmente de novo. E isso só aconteceu de uma forma tão fantástica pela incrível Natalie Portman, que deu vida a esse papel de uma forma beirando a loucura. Sabendo exatamente o tom certo da personagem, na medida, conseguindo flutuar da menina doce e submissa do primeiro ato, que interpreta o cisne branco divinamente até quando enfim ela perde essa inocência e se entrega ao cisne negro na procura da perfeição tão requisitada. Juntar essas duas partes pode não ser tão fácil como parece, fazer com que o negro e o branco virem um só, mantendo as diferenças é um trabalho que mexeu com a cabeça de Nina de uma forma irreversível, como mostrado no filme, beirando a insanidade o tempo todo.
Além de Natalie outros atores maravilhosos deram tom ao filme e completaram a obra, tanto a mãe dela que se apóia na filha, para realizar o seu sonho perdido, o diretor da companhia de dança que ajuda a aflorar, provocar o cisne negro que existe em Nina, seu lado obscuro que ainda não despertou e principalmente a ótima atriz Mila Kunis, a qual é uma rival de Nina na companhia, e é vista pela bailarina como uma ameaça pela sua beleza e sensualidade natural. A personagem de Kunis está sempre comendo pelas beiradas o que perturba seriamente Nina.
O longa é dirigido por Darren Aronofsky, um diretor incrível que tem muitos filmes ótimos em seu currículo, tais como Réquiem por um sonho, Fonte de Vida, O Lutador, entre outros. A câmera de Darren em Cisne Negro por vezes é tão íntima que parece que estamos bisbilhotando a vida íntima da personagem, a sua luta pela perfeição, as suas frustrações e vitórias, e principalmente as suas transformações, é tudo tão pessoal.
Muito além do que um filme que fala sobre a arte do balé, a vida dos bailarinos, a cobranças nesse ramo, é uma obra que adentra no psicológico, tanto dos personagens, como da gente. Cisne Negro vem para nos mostrar o quão reféns nós somos de nós mesmos.

Lembrando que Natalie levou os Oscar de Melhor atriz em Março, Aronofsky o Oscar de melhor diretor, e que infelizmente Cisne Negro perdeu o Oscar de melhor filme para O discurso do rei.

Marília Dalenogare.

domingo, 27 de março de 2011

Geração Harry Potter



A maioria das pessoas nascidas na década de 90 sabe o que é crescer, literalmente, com Harry Potter. É outra coisa acompanhar uma saga onde os personagens crescem e regulam de idade com nós. A gente assiste os personagens mudando, e é como um espelho. A cada filme com a progressão da saga o amadurecimento deles e da história é visto de camarote. E ano passado, o penúltimo capítulo estreou, e foi tão diferente e foi demais! Não se pode dizer que a diferença entre os primeiros volumes e o penúltimo foi apresentada de uma forma bruta, foi gradual, aos poucos o clima foi mudando para o que agora é um Harry Potter um pouco mais amargo, onde as coisas não podem mais acontecer sem deixar uma marca.
Podem até dizer que Harry Potter é modinha, que é coisa de criança ou tudo o mais que dizem os desfavoráveis. Eu discordo, Harry Potter é toda uma geração, e não deixa de me surpreender, tanto nos livros, como principalmente nos filmes, que não decepcionam. Relíquias da Morte não é sutil em nos mostrar a diferença entre ele e a pedra filosofal, por exemplo, entre a história que agora é madura, que nos apresenta a solidão e o medo dos personagens, onde eles deixaram Hogwarts e os seus tutores que sempre consertavam tudo para trás, os problemas deixam de ser aqueles em que eles só se metiam em confusão por serem desobedientes. Agora, eles tratam de problemas de gente grande.
É engraçado como hoje em dia quando a gente assiste a pedra filosofal ou a Câmara Secreta parece tão infantil, por vezes até meio bobo, mas não é isso, assistindo naquela época era tão sensacional e o filme não mudou nada, a gente que cresceu e que espera mais do filme, exatamente o que Relíquias da Morte nos oferece.
A primeira parte do fim, é estranhamente triste e melancólica, tão cinza, tão diferente do que foi apresentado antes, é notável como os personagens mudaram, não fisicamente, mas com outros problemas e outras ambições que pairam sobre esse filme que trata principalmente sobre amizade.
Olhando o penúltimo filme não tem como não pensar que a saga ta acabando e ficar triste com isso, foram dez anos, ano depois de ano esperando o novo filme estrear e depois que acontecia o que restava era esperar o próximo. Harry Potter vai acabar, as pessoas vão ficar triste e vão procurar outra história que preencha o lugar dele (não substitua), uma história que pegue onde HP soltou, para nos acompanhar nos próximos anos. Mas pra quem não vai abandonar o bruxinho, só o que resta é pegar os livros ou ir a uma locadora e matar a saudade, mesmo que agora o começo não pareça mais tão legal como antes. É assim mesmo, a gente cresceu e deve ficar grata por Harry Potter também ter crescido, ou a gente não chegaria até aqui com ele.

Marília Dalenogare.