domingo, 8 de maio de 2011

Namorados para Sempre? Vai sonhando.




Um dos filmes que foram lembrados nas indicações ao Oscar, na categoria de melhor atriz, e que muita gente nem deu bolas é “Blue Valentine”, que no Brasil teve o título de Namorados para Sempre. Dã. Sinceramente às vezes parece que quem traduz esses títulos faz isso chapado. De boa. E olha que eu não acho sempre os títulos péssimos, às vezes eu acho que é melhor a adaptação que eles fazem, até por uma questão comercial, ou uma questão de entendimento do público, mas nesse caso sinceramente não. Eu tenho pena dos casais de namorados que foram ao cinema assistir esse filme achando que era uma comédia romântica, eles encontraram uma visão amarga de como pode ser a vida deles e de como provavelmente vai se tornar a vida de muitos. To meio pessimista hoje.
Para começar o filme tem ótimos pôsteres, de verdade, os três diferentes que eu vi eu achei lindos, pode parecer bobagem, mas é importante, e o roteiro também agrada. Mas a grande força do filme vem de seus protagonistas, os ótimos e lindos Ryan Gosling e Michelle Williams. Sempre gostei do Ryan, desde Diários de Uma paixão, A garota ideal e umas coisinhas a mais. Já Michelle eu não gostava muito, não sei por que, mas ultimamente mudei minha idéia e quase já gosto dela, me lembro dela em O segredo de Brokeback Mountain e em Sinédoque, Nova York, onde gostei bastante dela em ambos. Pois é, esses dois atores encabeçaram essa história, que narra a vida deles juntos, hoje em dia casados, mas desde que se conheceram, narra de uma forma não-linear como tudo aconteceu, e o ponto em que as coisas chegaram. Nos é mostrado que desde o começo as coisas começaram erradas e mesmo assim eles se contentaram com isso e resolveram constituir uma família que aos meus olhos é toda errada, e não tem como dar certo. O clima pesado, a tensão é gritante em cena.
Para começar a personagem de Michelle nunca esteve contente com nada, mesmo antes de conhecer seu marido, a infelicidade, o cansaço nunca abandonou as feições dela, o olhar dela sempre foi magoado, no meio disso ela conhece o personagem de Ryan e ele sim, era um cara animado e que realmente gostava dela e que acabou se prendendo naquela teia desconfortável ao redor dela e não saiu mais, eles montaram uma família, ela segue infeliz, rabugenta e ele segue tentando conquistar, agradar ela. Basicamente ele passa o filme todo correndo atrás dela e ela fugindo dele. È um jogo de cão e gato que a gente torce para que acabe.
O filme nos mostra muito bem, o que geralmente acontece quando dois jovens que mal se conhecem acabam tendo um filho e meio que se obrigam a ficar juntos. Os dois tinham sonhos, que foram adiados pelas necessidades da família. Eles se acomodaram naquela infelicidade, realmente me incomodou ver eles dois juntos, a distância deles, e como eles se tratam, principalmente ela, tão seca e fria. A única luz que nos aparece naquela casa cinza deles é a filha deles. Tanto ele, quanto ela tem uma relação ótima com a filha. O que nos mostra que o problema é entre eles, desde que eles fizeram o “acordo do silêncio e do contentamento”, ela se contentou que ele criasse a filha que ela nem sabia de quem era e ele se contentou em criar essa filha para ficar com ela. E nada disso se discute.
Mas apesar da tristeza que o filme passa ele é incrível, o jeito como as relações precipitadas são tratadas, como a gente pode se acomodar na vida. O filme é um tapa na cara, de certo modo. Simplesmente ele mostra como tudo se torna amargo, o amor, as relações, se a nossa vida é amarga. Como não basta o tentar ser feliz junto, se a gente não for, primeiramente, feliz sozinho.

Marília Dalenogare

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